Acaba uma novela e inicia outra e os modelos de comportamentos, beleza, moda e outros vão se alterando. Mudam os personagens, a trama e os assuntos abordados e a sociedade vai respondendo a este estímulo produzido. O corte de cabelo da mocinha, as roupas da atriz mais bonita, o carro do protagonista, a cidade “da vez”, as condutas dos personagens, tudo, logo vira assunto nas rodas de conversa dos telespectadores. Mas, será que além de falar, e muito, sobre novelas, as pessoas são influenciadas pela indústria do faz de conta, ou têm senso crítico para distinguir que este “mundo perfeito” das dramaturgias é somente ficção?
Em seu site (www.opresente.com.br), o Jornal O Presente fez um enquete sobre a influência das novelas na vida real. Para a maioria dos leitores, muitas pessoas ainda confundem o que está nas telas da televisão e a realidade. Um exemplo, a novela recém terminada da rede Globo, Passione, abordou diversos temas como traição, uso de drogas, violência, ganância, entre outros, o que, pela opinião pública representada na pesquisa, gera influências negativas no cotidiano de quem assiste.
Conforme a psicóloga Márcia Saar, as novelas podem influenciar os telespectadores, pois de maneira geral mexem com suas sensações e emoções, gerando a proximidade e identificação com o que é passado. Ela comenta que como as novelas retratam as situações do cotidiano, mesmo que de determinada realidade, por ser uma comunicação de massa, prende muito a atenção de quem acompanha.
Para a profissional, é notório que as novelas ditam a moda, mas há ainda a questão comportamental que pode sofrer influência. “Dependendo do público que está assistindo, dependendo da percepção e idealização que se tem, os gestos, ações, também são copiados”, explica, relatando que um artista, que é visto como um ídolo, um exemplo de beleza dentro do padrão estético estabelecido pela mídia, tem a facilidade de passar seu comportamento como o ideal.
Mas, para Márcia, este ideal passado na maioria das vezes não é o adequado para a realidade fora das telas. “Pode ser um influência positiva, como uma pessoa tímida que se identifica com um personagem e no momento que este se expõe a encoraja, mas é preciso cuidado”, avalia, citando que quem se espelha em algum comportamento da novela precisa analisar se este está de acordo com as suas condições, realidade e possibilidades.
Temas sociais
A
psicóloga menciona que alguns assuntos abordados geram uma discussão
sadia, como o merchandising social, quando temas como o uso de drogas,
deficiência e doenças são levantados na dramaturgia. Nestes casos, com
alguma intenção a produção da novela levanta o assunto para a sociedade.
“Mas sempre temos que ter noção que existe toda uma produção atrás,
entra ainda a questão da publicidade, portanto, tem que ser visto com
cuidado”, completa.
Márcia reforça ainda que um tema como o racismo, por exemplo, ao ser abordado, requer ética, uma visão que mostre a diversidade, respeito ao próximo. “Mesmo assim, as famílias precisam refletir e não simplesmente comprar aquilo como pronto, pensar sobre o que estão assistindo, analisar a forma que estão recebendo”, pontua, avaliando que, mesmo sendo um tema importante colocado em discussão, é de acordo com uma visão, nem sempre a mais correta.
Márcia reforça ainda que um tema como o racismo, por exemplo, ao ser abordado, requer ética, uma visão que mostre a diversidade, respeito ao próximo. “Mesmo assim, as famílias precisam refletir e não simplesmente comprar aquilo como pronto, pensar sobre o que estão assistindo, analisar a forma que estão recebendo”, pontua, avaliando que, mesmo sendo um tema importante colocado em discussão, é de acordo com uma visão, nem sempre a mais correta.
Real x ficção
Para
a profissional, a novela passa uma imagem segmentada da realidade. A
dualidade entre o bem e mal na representação do mocinho e bandido, onde o
mocinho possui somente sentimentos e ações boas e o bandido os aspectos
negativos, é uma das críticas. A retratação de uma camada social muito
elevada em comparação com a maioria da população brasileira, com a
ausência de abordagens sobre alguns povos e realidade também é citada.
“Não existe uma amplitude de etnias e classes sociais, por exemplo. Há
pouco tempo teve uma negra como protagonista, mas na maioria são os
brancos e nem sempre próximo da realidade”, afirma.
Para Márcia, muitas vezes a novela significa para o telespectador uma fuga do cotidiano. “As pessoas geralmente têm problemas maiores dos que aparecem na TV e ela serve para que possam parar de pensar nos problemas e se envolvem tanto que vivem aquela realidade mostrada”, pontua. Mas, esta relação pode gerar frustração, quando não é bem trabalhada pelas pessoas. “Sofrimento, sentimento de incapacidade, impotência”, detalha.
A psicóloga explica que as pessoas se aproximam tanto daquela falsa verdade que é mostrada, e que a volta para a realidade pode gerar prejuízos. “A pessoa vê o personagem em uma lancha, em um mar e quando desliga a TV e olha para a sua realidade percebe a diferença”, exemplifica, ao detalhar sobre a sensação gerada de que a vida do personagem é melhor. “Pode resultar até em baixa autoestima porque se envolve com a trama e pensa, por que comigo não? A minha realidade é sem graça”, observa a profissional, ao reforçar que é necessário que quem assista nunca perca a noção de que aquilo é ficção, que os sentimentos e ações dos personagens são falsos, montados.
Para Márcia, muitas vezes a novela significa para o telespectador uma fuga do cotidiano. “As pessoas geralmente têm problemas maiores dos que aparecem na TV e ela serve para que possam parar de pensar nos problemas e se envolvem tanto que vivem aquela realidade mostrada”, pontua. Mas, esta relação pode gerar frustração, quando não é bem trabalhada pelas pessoas. “Sofrimento, sentimento de incapacidade, impotência”, detalha.
A psicóloga explica que as pessoas se aproximam tanto daquela falsa verdade que é mostrada, e que a volta para a realidade pode gerar prejuízos. “A pessoa vê o personagem em uma lancha, em um mar e quando desliga a TV e olha para a sua realidade percebe a diferença”, exemplifica, ao detalhar sobre a sensação gerada de que a vida do personagem é melhor. “Pode resultar até em baixa autoestima porque se envolve com a trama e pensa, por que comigo não? A minha realidade é sem graça”, observa a profissional, ao reforçar que é necessário que quem assista nunca perca a noção de que aquilo é ficção, que os sentimentos e ações dos personagens são falsos, montados.
Jovens e crianças
Os
objetivos comerciais de venda de produtos divulgados pelas novelas
também geram aspectos preocupantes, na visão de Márcia. O estímulo ao
consumo, ao ter algo que é imposto, afeta adultos, crianças e
adolescentes. “Para o público adolescente a publicidade afeta no sentido
de formação de identidade, pois está na fase da formação de si, então
acontece o estímulo do uso de determinadas roupas, jeitos de se
comportar, enfim, a criação de uma personalidade”, comenta.
Já para as crianças, a psicóloga alerta sobre a criação do desejo momentâneo do ter. Ela explica que o público infantil e adolescente não tem um aparato cognitivo pronto para identificar claramente a separação do real e virtual, necessitando da ajuda do adulto. “Mas este adulto, embora tenha um desenvolvimento cognitivo maior, tem a questão da afetividade com a novela e perde um pouco do senso crítico”, contrapõe, ao salientar que é preciso a superação porque os menores precisam de uma mediação porque a influência é ainda maior.
Um exemplo é o apelo sexual das dramaturgias, que pode despertar uma sexualidade mais precoce ou ainda a criação de um padrão de beleza inalcançável. “As mulheres que aparecem seminuas têm um corpo que a maioria da população não tem, e isto precisa ser visto de forma crítica”, assegura, acrescentando que é preciso diálogo de forma clara, com mediações constantes, de maneira construtiva, mostrando o que pode ser prejudicial, as diferenças entre a ficção e a realidade.
A psicóloga ainda indica que a família estabeleça dentro de seu cotidiano o tempo gasto em frente à TV e os programas a serem assistidos. “Algumas vezes a TV é utilizada como instrumento quando as pessoas não têm outras atividades, mas é importante que a família coloque na balança os prejuízos e benefícios”, ressalta, frisando que os momentos de convivência familiar nunca devem se trocados pelas novelas ou qualquer outro programa.
Já para as crianças, a psicóloga alerta sobre a criação do desejo momentâneo do ter. Ela explica que o público infantil e adolescente não tem um aparato cognitivo pronto para identificar claramente a separação do real e virtual, necessitando da ajuda do adulto. “Mas este adulto, embora tenha um desenvolvimento cognitivo maior, tem a questão da afetividade com a novela e perde um pouco do senso crítico”, contrapõe, ao salientar que é preciso a superação porque os menores precisam de uma mediação porque a influência é ainda maior.
Um exemplo é o apelo sexual das dramaturgias, que pode despertar uma sexualidade mais precoce ou ainda a criação de um padrão de beleza inalcançável. “As mulheres que aparecem seminuas têm um corpo que a maioria da população não tem, e isto precisa ser visto de forma crítica”, assegura, acrescentando que é preciso diálogo de forma clara, com mediações constantes, de maneira construtiva, mostrando o que pode ser prejudicial, as diferenças entre a ficção e a realidade.
A psicóloga ainda indica que a família estabeleça dentro de seu cotidiano o tempo gasto em frente à TV e os programas a serem assistidos. “Algumas vezes a TV é utilizada como instrumento quando as pessoas não têm outras atividades, mas é importante que a família coloque na balança os prejuízos e benefícios”, ressalta, frisando que os momentos de convivência familiar nunca devem se trocados pelas novelas ou qualquer outro programa.